segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Garimpando epifanias

Eu procuro por pequenos milagres
Eu quero ver luz ao abrir os olhos
Eu respiro fundo para alcançar o cheiro do dom
E quando fecho os olhos espero viagens

Todos os dias vivemos algumas mesmas situações, e os ciclos sempre se repetem. Mesmo quem não vive uma rotina padrão, repetitiva, acaba de alguma forma caindo no mesmo de algum tipo de diversidade. E sempre me pergunto de onde vem essa necessidade sufocante de coisas novas. E sempre me pergunto porque a novidade não se sustenta por muito tempo.
Eu procuro, como uma planta procura a luz para sobreviver, eu procuro epifanias. Eu procuro justificativas, respostas, motivos para valer a pena. E sei que é preciso ver milagre em todas as coisas, do contrário tudo se resume a tédio e desordem. E talvez o caos seja mesmo essa harmonia fora de ordem que sempre dá certo no final e eu nunca entendo o porque. O que me queima e eu rejeito pode ser a fagulha do desejo declarado, ou reprimido, que a controvérsia do medo não me deixa perceber. 
Talvez quando a pele murche e os pensamentos tropecem no tempo, o consciência etérea consiga satisfazer a fome de vida que o corpo jovem não é capaz de encerrar.

sábado, 4 de setembro de 2010

Aprender com o diferente

Esses dias andei pensando sobre como as pessoas estão ficando intolerantes. Na verdade um evento bobo desencadeou esse pensamento na minha cabeça (pensamento no pé é que não dá, né, Paulo?). Postei algo no Twitter, que de tão banal nem lembro mais o que era, mas provavelmente falando que não gostava da "cor do cabelo da fulana de tal", e foi imediata a debandada de seguidores. Devo ter levado quase 10 unfollows. Aí, claro, fui verificar quais eram as pessoas que haviam se revoltado tanto com um comentário, e vi que duas pessoas eram frequentadores habitués da minha timeline e dos mentions, era gente com quem eu papeava, achava graça, tirava onda, eram pessoas que eu nunca vi na vida, mas por quem eu nutria um carinho verdadeiro. 
Fiquei triste, mais pelo fato de perceber o quanto as pessoas estão alimentando um egoísmo e um individualismo exacerbado do que pela própria perda de seguidores. E antes que vocês perguntem eu saio na frente respondendo. Sim, a intolerância é um traço de comportamento direta e intimamente ligado ao egoísmo. Alguém que não aceita a diversidade, tem a sua imagem de mundo como única verdade possível.
Eu percebo que no mundo no qual vivemos hoje, existe um culto doentio ao indivíduo, ao eu, ao único. O coletivo, o social, o compartilhado vem cada vez perdendo mais espaço. A competitividade se impõe na vida das pessoas que precisam sobreviver numa sociedade com um mercado de trabalho deturpado. É uma idéia que anda se alastrando de que devemos pensar no nosso bem estar, e que os problemas dos outros não nos dizem respeito, que cada um deve aprender a lidar com suas coisas. Não que esteja de todo errado, eu concordo até certo ponto de que as pessoas devem mesmo aprender a lidar com seus problemas, mas devemos admitir que sempre há algo que podemos fazer para no mínimo amenizar a dor alheia. Sem contar que nos faz um bem danado quando conseguimos deixar mais leve a vida uma pessoa, arrancando-lhe um sorriso, despertando uma fagulha de esperança de que a vida vai melhorar e que tudo vai dar certo. 
Eu quero dizer aqui, que eu não me sinto bem com esse modelo que vigora de sucesso pessoal, essa coisa louca de passar por cima de tudo e de todos para se dar bem na vida, e cada um que se salve! Para mim, sucesso é você conseguir viver em um ambiente de paz, harmonia entre as pessoas, confiança. Para mim, sucesso é você fazer o bem a quem não lhe pede nada, e maior sucesso ainda é você fazê-lo por aquele que te pede ajuda. Eu não quero com isso dizer que o mundo seria perfeito assim, eu acredito sim que todos nós temos os nossos interesses pessoais, e que sempre esperamos algo em troca da nossa dedicação, mas algo espontâneo, natural, algo como um obrigado, um reconhecimento pela dedicação que você tem a alguém.
Eu tenho medo do mundo onde a diversidade não tem vez. Principalmente a diversidade de pensamento.

sábado, 28 de agosto de 2010

De tempo em tempo

As pessoas costumam dizer que temos todo o tempo do mundo para realizarmos nossos sonhos, mas alguma vez você já parou para tentar dimensionar quanto é "todo" esse tempo? Outro dia fiz um retrospecto da minha vida e atentei para certos fatos. Hoje eu tenho 30 anos, metade de uma vida dita socialmente ativa, e o dobro do tempo de quando tinha vários planos e ilusões na cabeça, e principalmente no coração. É como se eu estivesse na metade do caminho, é uma espécie de contagem regressiva, e isso me causou certo desconforto, uma espécie de "agora é uma corrida contra o tempo".

No alto dos meus 15 anos, eu imaginava que aos 30 minha vida seria bem diferente do que é hoje. E me pergunto o que aconteceu para que as coisas não tenham acontecido. A resposta é simples, o tempo passou e não foi suficiente para todos os planos. Hoje percebo que boa parte desse tempo passou enquanto eu esperava a ocasião perfeita, o momento ideal para começar a colocar os planos em prática. Foi aí que eu errei. Não existe o momento ideal para começar a perseguir seus sonhos, existe sim, o momento exato para isso, e esse momento é agora mesmo. O mundo não vai se configurar da maneira perfeita para que você simplesmente abra os olhos e tenha tudo o que quer ao seu alcance. Esse cenário é cada um de nós que deve ir montando, como um quebra-cabeça pessoal, como escrever um livro, página por página, dia após dia.

Entenderam aonde quero chegar? Sim, quero chegar no clichezão do "não deixe para amanhã o que pode fazer hoje mesmo". É super lugar comum, mas é a mais pura verdade natural. Não temos todo o tempo do mundo para fazer as coisas. É só parar pra pensar em quanto tempo o mundo está aí. Você acha mesmo que tem todos esses milênios pra realizar seus planos? Não, nosso tempo é muito mais curto, temos apenas o tempo de uma vida para fazer valer a pena. E uma vida, meus caros, passa num piscar de olhos.

Acreditem, quem vos fala isso é alguém que constantemente percebe que está perdendo tempo e se esforça em tentar aproveitar da melhor maneira possível essa nesga de existência que cabe a cada um de nós na história da humanidade. Não importa se é pouco tempo para muitos planos, não importa que não haja tempo suficiente para viver tudo. O que não podemos é deixar de andar, e de tentar viver o máximo possível, com intensidade, porque uma vida superficial não vale a existência, meus amigos.

domingo, 22 de agosto de 2010

Santa Inquisição virtual

Escrevo esse texto para me desculpar de uma coisa e tranquilizá-los com relação a outras.
A vida de vez em quando prega umas peças na gente, a vida de solteiro então nem se fala!
Passa que depois de 30 anos de solteirice o cara começa a ficar meio desesperado, entendem? Acho que não, acho que esse recorde de solidão é só meu e ninguém tasca! Mas vamos aos fatos. Um belo dia estou eu abrindo minha caixa de entrada quando de repente dou de cara com uma dessas correntes que vivem infernizando a vida de todo ser vivente desse universo virtual, era uma corrente de bruxas, você lê um texto, faz uma contagem regressiva e depois um pedido para as danadas. Claaaro que no fim de tudo você tem que passar a mensagem para 2.338.758.15 pessoas. Devo dizer que nunca, em toda a minha vida virtual eu acreditei em correntes, nem mesmo na vida real, nunca passei aquela corrente de Sta. Edwirges, a santa terrorista, que se você não fizer a corrente seguir adiante você e sua família vão morrer uma semana depois, todos assasinados por Jack o estripador!
"Acontece que na vida a gente tem, que ser feliz por ser amado por alguém...", pois é, não aguentando mais minha condição de solteiro-carente-depressivo-deseperado resolvi dar um voto de confiança para as tais bruxas, ainda mais porque o amigo que me passou a corrente eu julgo ser uma pessoa sensata e equilibrada (tá bom, estou revendo minha opinião sobre ele...kkkk), falou que era tiro e queda, o pedido dele se realizou 10 minutos depois, aí pronto, pegou no ponto fraco, porque sim, há pressa, muita pressa quando se vive há tanto tempo na minha condição de encalh...., não! eu me recuso a me adjetivar dessa maneira, minha condição... disponível (quase passando do prazo de validade na prateleira), então cometi o crime, fiz meu pedido, com tanta fé que chegava a doer a cabeça de tanta energia que eu busquei emanar para o universo, e depois, com toda a esperança de uma vida empenhado em fazer amigos e preserva-los repassei a tal corrente, agora já pedindo para os amigos não desejarem minha morte e mais, torcendo para todos repassarem para os seus, claro, já que a corrente não pode ser quebrada, né? já imaginaram eu mais 30 anos solteiro? Quer dizer, 30 não, porque quando você não faz direito o retorno é sempre 10 vezes pior, viveria várias encarnações solteiro, ninguém ia me aguentar, seria a antipatia em pessoa.
O tempo passou e aqui estou eu, ainda na frente do computador esperando e procurando, orkut, facebook, twitter, msn... nada, ninguém, e como bruxa que é bruxa faz feitiço instantâneo eu já desisti. Na verdade desde 11 minutos depois da desgraça feita eu já havia desistido, mas sabe como é, né? a gente acha que o amor da nossa vida pode estar demorando porque pegou um trânsito danado (que nem é tão louco assim em Belém) afinal, como diria um grande amigo, não espere seu principe num cavalo branco que isso não existe mais, o importante é que ele chegue de espada em punho (não, Ricardo, eu não espero mais um príncipe num cavalo branco, pelo tempo que esperei eu agora quero um com 160 cavalos e motor turbo... mas ok, branco! e conversível!). 
Outro dia eu andava pela rua e vi um sapo, ele me seguiu por alguns metros, olhei para um lado, olhei para o outro, e graças aos céus a rua estava cheia de gente. Eu juro que considerei a possibilidade de catar aquele nojento num canto e mandar ver um beijo nele!
É isso meus amigos, só queria dividir esse pecado com vocês, pedir desculpas aos que receberam a corrente (não, não tenho nada contra vocês, ao contrário, se mandei pra vocês é porque confio muito em vocês e na capaciddae que vocês têm de não me odiarem), eu prometo nunca mais fazer isso de novo.
Aos que costumam enviar correntes quero pedir que nunca mais incluam meu nome na lista para eu continuar nutrindo bons sentimentos por vocês (mentira! tenho medo de cair em tentação denovo). 
Ao Fausto quero dizer que te perdoei pro esse deslize.
Às bruxas quero dizer que vão pra putaquepariu e voltem à escola!!!
Beijos em todos e não desistam, amigos, continuem procurando alguém pra mim. Não quebrem essa corrente!!!
Amo todos vocês (pelo menos esse amor eu tenho em abundância na minha vida!)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Síndrome de avestruz

Sabem quando  temos uns dias de avestruz? Aqueles dias em que temos vontade de enfiar a cabeça na terra para fugir de tudo que se passa ao redor? Pois é, como nada na vida é perfeito, a estratégia do avestruz também não vai funcionar, simplesmente porque isso tudo é lenda. Abrindo um parêntese para uma breve observação biológica, o avestruz não enfia a cabeça na terra quando está com medo, ele simplesmente encosta a cabeça no solo para sentir melhor as vibrações e assim saber quando algum perigo se aproxima, como sua cabeça é muito pequena se comparada ao seu corpo, de longe parece que está enterrada em algum buraco.
Agora voltando para os humanos-pseudo-avestruzes, a má notícia é que não há o que fazer. Você não pode simplesmente enfiar a cabeça em um buraco qualquer (e tem gente que leva isso muito a sério) para fugir de situações que te desagradam, momentos em que é difícil olhar nos olhos da vida e perguntar em voz alta: e agora? Ou pior ainda, momentos em que é preciso olhar seus próprios olhos no espelho e fazer para si mesmo essa pergunta.Talvez a própria vida esteja tão assustada quanto você diante dos fatos. Mas quem falou que a natureza não tem suas estratégias? E a coisa pode não ser tão perfeita como queremos, mas algum proveito podemos tirar dos ensinamentos do mestre avestruz. O que quero dizer, meus caros, é que existem momentos em que devemos parar, respirar fundo, e chegar bem perto do problema, talvez tocar nele para sentir sua vibração. É preciso perceber o que a vida espera da gente, é preciso confrontar com aquilo que esperamos dela. Quem tem mais a oferecer? 
Simples, né? Rápido percebemos que somos uma insignificância se comparados à infinidade de possibilidades que a vida nos oferece. Porque sofremos então? Porque somos passionais, meus leitores, desejamos as coisas de tal forma que entendemos não conseguir viver sem elas. Não aprendemos a abrir mão de nossos desejos, não é da nossa natureza desistir de algo que nos dá prazer (prazer?). Alguns chamam de orgulho, outros de questão de honra, há ainda os que acreditam ser pura vaidade. É verdade que se desistirmos de nossos objetivos ao primeiro sinal de dificuldade nunca iremos chegar a lugar algum, muitas vezes é preciso resistir quantas vezes forem necessárias. Acontece que existem desejos e desejos, alguns são necessários, outros totalmente dispensáveis, e são justamente esses que mais nos atormentam, enquanto aqueles deixamos de lado facilmente.
É muito difícil aceitar que não conseguimos lidar com nossos problemas, mas basta olhar ao redor para ver que isso é comum. É tolo aquele que acredita existir alguém inabalável diante de determinadas situações, mais tolo ainda aquele que acredita ser esse alguém. Então, o primeiro passo para resolver as pendências com a vida e o tal destino (se é que existe um) é aceitar que existe um problema, e que provavelmente sua solução depende de uma renúncia. Ou vocês pensavam que algo viria de graça? Não, é preciso saber negociar com a vida, sem isso ela nem ao menos nos dá ouvidos. E renúncia depende de desprendimento, de deixar ir, mesmo que com o coração amassado. É preciso saber a hora de abrir mão, é preciso ter consciência dos seus limites.
Enfim, não há receita receita para lidar com os problemas que nos sufocam a cada dia e cada vez mais. Mas com certeza há contraindicações e uma delas é que se você, na tentativa de fugir dos seus problemas enfiar a cabeça no buraco, corre o risco de morrer sufocado, e não é pela terra, mas sim pela própria dor reprimida e pelos pensamentos não revelados. O avestruz já aprendeu isso.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

As honras da casa.

Antes de tudo é necessário se apresentar. Assim diz a regra da boa etiqueta social, que muito adequadamente se aplica à etiqueta virtual. Então vamos começar deixando claro que o que virá pela frente não pretende ser um ensaio sobre coisa alguma. Na verdade nem sei o que virá pela frente, mas sei bem que algo virá. Sei disso porque sempre há algo logo ali, virando a esquina, e por mais que tenhamos a vontade de ficar parados, a vida vai nos empurrando adiante e nesse trajeto acabamos por cruzar com coisas, cenas, situações, pessoas e sentimentos dos mais variados tipos. E é disso que pretendo falar aqui, das coisas comuns a todos nós, das coisas que sentimos, daquilo que dizemos e também calamos.
A ideia é que esse seja um espaço de estímulo ao debate, para que considerando os diversos pontos de vista que formam nosso meio social possamos entender um pouco melhor as ações e reações que todos apresentam diante de determinadas situações. Não devemos deixar nada escapar, é preciso entender tudo. Pelo menos o que estiver ao nosso alcance, esse é o objetivo principal. Não que o entendimento dos fatos mude a forma como sentimos, isso é particular de cada um, e não é de hoje que sabemos que razão e emoção nunca foram boas amigas, mas é legal quando uma entende os motivos da outra.
Então vamos parar de divagar acerca de temas ainda abstratos e vamos dar lugar à apresentação deste mero "mais um". Mais um homem de 30 anos (na data desta postagem), mais um publicitário (que não sabe como veio parar aqui), mais um filho (parte mais velho, parte caçula), talvez um dia mais um pai (quem sabe?), mais um louco fantasiando ser um normal (ou vice-versa), mais uma pessoa insegura (que pede desculpas pelos vários parêntese), mais um à procura de respostas (e ao mesmo tempo cheio delas). Prazer, Paulo Gomes.